quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O amor do Pequeno Príncipe


Ontem antes de dormir, resolvi ler o livro "O amor do Pequeno Príncipe" que ganhei de alguém especial no fim do ano passado. Trata-se de algumas cartas que Saint Exupéry enviou para uma moça pela qual se apaixonou. É um livrinho bem pequeno, 29 páginas. Sendo que primeiro vem impressa a carta manuscrita com a ilustração do pequeno príncipe e depois a tradução (claro! está em francês. Pra quem não se ligou ainda, Saint Exupéry foi quem escreveu "O Pequeno Príncipe"). E as primeiras páginas mal são usadas pois tem apenas bilhetes e não cartas. Sendo assim, o conteúdo escrito é bem pequeno mesmo. Li tudo em uns 20 minutos e pensei "Putz! Só isso?!?!?!" Não sei bem o que eu esperava.

Costumo me envolver com os personagens dos livros e filmes que vejo. Choro, sinto pena, torço, essas coisas. E eu já estava ficando com raiva da garota do Antonie, pois no início são só bilhetes pedindo pra ela ligar, reclamando que ela não atendeu. Fazendo o cara sofrer. Como alguém pode se recusar a atender uma pessoa que vê com o coração?!
Em um trecho ele até diz:

"... Os contos de fadas são assim. Uma manhã a gente acorda e diz: Era só um conto de fadas...E a gente sorri de si mesma. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.
...
Não há mais Pequeno Príncipe, nem haverá nunca mais. O Pequeno Príncipe morreu. Ou então tornou-se cético. Um Pequeno Príncipe cético não é mais um Pequeno Príncipe. Fiquei magoado com você por tê-lo destruído..."


Mas, depois, pensando bem, lembrei de um detalhe que eu não tinha prestado atenção. A moça a quem as cartas eram destinadas era casada! Levando em consideração que isso aconteceu na década de 40, ela realmente deveria estar fugindo dele. Mesmo que ela gostasse dele, não era certo pois ela já tinha um compromisso. Que safado esse escritorzinho! Colocando tudo em tom poético, se fazendo de sofredor\vítima quando na verdade ele queria é que ela fizesse algo de errado. Deixasse o marido ou sei lá o que.
[Na verdade nem sei contextualizar isso na vida dele direito. Pelo que sei ele deixou uma viúva. ]

Isso me mostrou a fragilidade de alguém que eu imaginava ter sentimentos puros e corretos. Não que fosse errado ele gostar da menina mas, ele não deveria insistir. Pra quem escreveu "O essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração". Bem, tudo é relativo! Talvez o fato de ela ser casada não fosse essencial por isso ele não considerou.
Ou então "És eternamente responsável por aquilo que cativas". Acredito que dessa vez a responsabilidade disso fosse dele e não dela. Quem procurou cativar o sentimento foi ele.
Eu pensava que alguém capaz de dar esses ensinamentos a humanidade fosse imune dos erros e egoísmos humanos. Sim! Isso é egoísmo. Onde entra o marido dela na história? E quanto aos sentimentos, honra e respeito a ele?

Talvez fossem conclusões erradas as minhas, pois ele dizia que tinha que ser como criança. Crianças são egoístas.

Saint Exupéry amou de maneira insana. Errado? Quem sou eu pra dizer mas, não é politicamente correto.

Na última carta ele diz:
"...Só queria lhe dizer que fiquei um pouco emocionado com a conversa de outro dia. Você é uma garotinha legal.

Não quero mais brigar com você. Azar o meu se ás vezes fico um pouco triste. Você tem razão em tantas coisas... Sem dúvida eu lhe farei mais mal do que bem. Sem dúvida não, mas, talvez. Então tomei grandes decisões e você pode tornar a me ver, Sou seu amigo...."


Acho que ela fez ele enxergar a situação.
Boa garota essa francesinha de 23 anos. E ainda continuou com ele como amigo. Em nenhum momento, nas cartas, ficou claro que o sentimento dele era correspondido.

Menos de um ano depois ele morreu.

As cartas originais estão em um museu em Paris.
Está na minha lista de lugares a serem visitados! =)

4 comentários:

  1. Curiosidade: Existe uma proposta de construção do museu do aviador e escritor Antoine de Saint Exupéry em Floripa. Fonte:
    http://j.mp/9jACQS

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  2. "não era certo pois ela já tinha um compromisso"
    Isso quer dizer que ela deveria manter aquela escolha até a morte.
    ...
    "na verdade ele queria é que ela fizesse algo de errado"
    Errado seria ir contra quilo que se acredita.
    ...
    "Eu pensava que alguém capaz de dar esses ensinamentos a humanidade fosse imune dos erros e egoísmos humanos."
    Ele era um homem e nada melhor que este caso para demonstrar a sua humanidade em toda plenitude. Ser humano é ser imperfeito e não há nada de errado nisso.
    ...
    "Deixasse o marido ou sei lá o que"
    Talvez o marido dela fosse um homem feito, capaz de cuidar de si.
    ...
    "Boa garota essa francesinha de 23 anos. "
    Talvez sim, talvez não. Pode ser que ela não o amasse ou que simplesmente teve medo de lutar por algo que desejava.
    ...
    Essa é a minha opinião sobre o que li.
    Um abraço e até a próxima.

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  3. Oi!

    Concordo que ela não tenha que ficar com o marido até a morte mas, ela não precisa ficar com os dois ao mesmo tempo.

    ***

    Todos somos capazes de cuidar de nós mesmos, mas, isso não dá o direito a ninguém de colocar o cara no chão pra que ele se levante.

    ***

    Pois é, sobre a humanindade dele é um ponto em que concordo plenamente. A leitura das cartas me deu uma outra visão. Eu tinha uma idéia errada sobre ele.

    Gostei muito dos seus comentários. Maneiras diferentes de se ver a mesma coisa.

    vlw!

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  4. ah Carlos! Eu gostaria muito de ir a Paris, mas, se não rolar, Floripa é uma boa opção. heheheh

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